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Clichês que funcionam

Qual é o papel do CEO nesse processo? Fundamental. É necessário ter sensibilidade para manter o equilíbrio entre shutdown e cuidar das pessoas



“Não há nada fixo nem nada permanente, estamos passando por experiências transformadoras.” Essa frase nunca foi um jargão tão contextualizado com o momento atual. Falar em crise com brasileiros é um clichê. É mergulhar na redundância da obviedade em mais de cinco décadas de avanços e retrocessos que todos nós, das gerações X, Y e Z, vivemos. Só que, desta vez, os clichês também foram combalidos. A crise é mundial e sem precedentes, com uma magnitude diferente de tudo o que já vivemos.


Não deu tempo para coach, mentoria, nem mesmo para ler o manual de instruções. Essa pandemia nos tem feito viver, literalmente, o presente, repensar o futuro e encarar nossa vulnerabilidade em relação a um passado no qual recorrer a velhas fórmulas talvez já não funcione. Muitas mudanças que estão acontecendo agora irão permanecer como novos hábitos e aprendizado dentro das empresas e em nossa vida. Novidades têm surgido com essa pandemia, e fazer com que as pessoas tenham perspectiva em relação à crise corrobora para que fiquem emocionalmente melhores.


E qual é o papel do CEO nesse processo? Fundamental. É necessário ter sensibilidade para manter o equilíbrio entre shutdown e cuidar das pessoas. E, para isso, conseguir comunicar de forma eficiente e transparente nunca foi tão importante e necessário. Enxergar como as coisas estão sendo feitas cria uma sensação de confiança e maior credibilidade neste momento.


Assim que a pandemia começou, lembrei-me do tempo desafiador em que, ainda no mercado financeiro, trabalhei em empresas de diversos segmentos, desde uma startup, onde vivenciei a gestão e a condução de negócios em um ambiente que nasce do zero, pautado em um crescimento exponencial, até empresas estruturadas com muitos anos de vida.


O exercício me obrigou a refletir e fazer anotações, conversar com colegas, recorrer a leituras alusivas ao tema “crise” e chegar a algumas conclusões que tenho tentado colocar em prática e divido aqui:


# 1. Não se isole. Neste momento, é preciso compartilhar até decisões duras. Mantenha feedbacks (comunicação periódica evita os ruídos do distanciamento). Engaje as pessoas da melhor maneira, no tempo certo, com a informação correta.


# 2. Fale com todo mundo. Não existe mais espaço para egos superinflados. Lembre-se de que você tem um time diverso: os excessivamente otimistas; os que simplesmente ignoram o momento; e os que sofrem calados (cada cabeça, uma sentença).


# 3. Aposte na transparência operacional.


# 4. Trabalhe com ciclos curtos de comunicação (cada semana, um plano de ação).


# 5. Forme grupos multidisciplinares de oportunidades, com diferentes perfis profissionais focados em inovação, para trazer soluções e liderar as mudanças.


# 6. Cuidado com o tom da comunicação. Quarentena não é briefing. Tenha bom senso. Sempre.


# 7. Crie o comitê “pode dar errado”. Trabalhar em uma versão beta, como a atual, exige um time de pessoas com olhar cirúrgico para cada trabalho que envolva temas sensíveis.


# 8. Aperfeiçoamento periódico. Aproveite o tempo a menos no trânsito para fazer aquele curso online sobre gestão que estava em seu radar. Liderança é uma pauta que sempre precisa ser reciclada, ainda mais em novos tempos.


# 9. Aposte em leituras que inspirem e que façam você sair um pouco da realidade. Uma dica: A Sombra do Vento (Carlos Ruiz Zafón). A obra conta a história emocionante de um rapaz que, por meio da descoberta de um livro, se aprofunda insistentemente na vida do escritor. A busca o leva ao amadurecimento por meio de revelações intrigantes que afetam de forma permanente a vida do personagem.


# 10. E, por fim, mas não menos importante, comece a reconsiderar clichês como “leque de opções”.


Fonte: Meio & Mensagem – Marcio Toscani – Leo Burnett Tailor Made

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